Carnaval
14/02/2007 - 07h24
Marchinhas de carnaval
Músicas que marcaram as décadas de 20 a 60
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
![]() Lamartine Babo, no traço de Nássara, caricaturista e também compositor de marchinhas |
Descendente das marchas militares e das marchas populares portuguesas, as marchas-ranchos - como passaram a ser chamadas por animarem os blocos ou ranchos de foliões - acabaram se consagrando como gênero carnavalesco por excelência, prevalecendo até sobre o samba, entre as décadas de 1920 e 1960, quando entraram em relativo declínio. Porém, nunca chegaram a desaparecer, e até hoje animam festas de carnaval em todo o país.
Letra e música
Não é difícil explicar a atração que as marchinhas de carnaval exercem sobre o grande público: compasso binário, andamento acelerado e melodias simples cativam rapidamente o ouvinte, ao mesmo tempo que as letras - debochadas, irônicas, ambíguas ou sensuais - são fáceis de entender e memorizar.De fato, as marchinhas eram crônicas urbanas de um Rio de Janeiro, que era então a capital federal e o verdadeiro coração cultural do país. Era lá que se encontravam as principais emissoras de rádio, gravadoras de discos e os estúdios cinematográficos da Atlântida, que potencializaram a divulgação do gênero por todo o Brasil e permitiram que elas fossem registradas para a posteridade em suas versões originais (algumas das quais você pode ouvir nos links deste artigo).
Verdadeiras crônicas
O jornalista Sérgio Cabral, um dos autores do roteiro de "Sassaricando" - um musical feito de marchinhas encenado em 2007 no Rio de Janeiro - escreve:"Estamos convictos de que poucas manifestações refletem com tanta exatidão a criatividade do compositor do Rio e o espírito carioca. Verdadeiras crônicas, elas contam a história da cidade, as qualidades e os defeitos do seu povo, quase sempre sem abrir mão do deboche e da malícia. Vão do lirismo ao esculacho, mas são permanentemente carioquissímas. São músicas que, ao mesmo tempo em que nos remetem a carnavais inesquecíveis, conservam a juventude que encanta as crianças de todas as idades. Em outras palavras, são eternas."
Dando-se algum desconto à exaltada paixão pelo Rio de Janeiro que Cabral manifesta (pois as marchinhas são, na verdade, um patrimônio nacional brasileiro), não se pode negar que ele tem toda razão. De amores e dores de cotovelo à sátira política e ao futebol, não havia tema do cotidiano que as marchas carnavalescas não abordassem.
É melhor ouvir do que falar
Mas falar de marchinhas em abstrato não faz sentido. Para se compreender o espírito do gênero é preciso citar pelo menos algumas das marchas, dos compositores e cantores que marcaram os velhos carnavais. Os carnavais de salão, com confete e serpentina, e personagens simbólicos, de um triângulo amoroso farsesco: Colombina, Pierrô e Arlequim.Trata-se de uma seleção dificílima, principalmente quando ela deve ser breve, mas talvez se deva começar por aquela que mais permaneceu na memória dos brasileiros e que se tornou um verdadeiro sinônimo de carnaval: Mamãe, eu quero mamar

Em segundo lugar, a clássica Chiquita Bacana


A Pequena Notável
Pode-se seguir, fugindo à ordem cronológica, ao maior sucesso do carnaval de 1930, que estourou na voz da legendária luso-brasileira Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha, 1909-1955): Para Você Gostar de Mim
Mas não se pode falar em marchinhas e carnaval sem mencionar o célebre carioca Lamartine Babo (1904-1963). Cantor e compositor de tantas obras excepcionais, só arbitrariamente, se pode escolher uma única composição para representá-lo. Por exemplo, sua homenagem às morenas brasileiras: Linda Morena

Convém lembrar que Babo gostava das sátiras políticas e suas composições sofreram com a censura do Estado Novo (1937) de Getúlio Vargas.
Paradoxalmente, o ditador e depois presidente Vargas era, por assim dizer, um grande admirador do carnaval e especialmente da vedete carioca Virgínia Lane (nascida em 1920) que chegou ao estrelato com justamente com a música Sassaricando

Para não ficar só nessas cinco músicas, vale terminar com duas seleções de velhos carnavais nas vozes de intérpretes contemporâneos: Beth Carvalho


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Marchinhas de Carnaval

Na origem foi, no entanto, um estilo musical importado para o Brasil. Descende directamente das marchas populares portuguesas, partilhando com elas o compasso binário das marchas militares, embora mais acelerado, melodias simples e vivas, e letras picantes cheias de duplos sentidos. Marchas portuguesas faziam grande sucesso no Brasil até 1920, destacando-se Vassourinha, em 1912, e A Baratinha, em 1917.
A verdadeira marchinha de carnaval brasileira começou a surgir no Rio de Janeiro com as composições de Eduardo Souto, Freire Júnior e Sinhô, e atingiu o apogeu com intérpretes como Carmen Miranda, Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Jorge Veiga e Black-Out, que interpretavam, ao longo dos meados do século XX, as composições de João de Barro, o Braguinha e Alberto Ribeiro, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo. O último grande compositor de marchinha foi João Roberto Kelly.
As marchinhas animam o carnaval e fazem parte da tradição carnavalesca no Brasil. Conheça as principais letras
LLAH-LÁ-Ô Haroldo Lobo-Nássara, 1940 Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô Mas que calor, ô ô ô ô ô ô Atravessamos o deserto do Saara O sol estava quente Queimou a nossa cara Viemos do Egito E muitas vezes Nós tivemos que rezar Allah! allah! allah, meu bom allah! Mande água pra ioiô Mande água pra iaiá Allah! meu bom allah |
CACHAÇA Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953 Você pensa que cachaça é água Cachaça não é água não Cachaça vem do alambique E água vem do ribeirão Pode me faltar tudo na vida Arroz feijão e pão Pode me faltar manteiga E tudo mais não faz falta não Pode me faltar o amor Há, há, há, há! Isto até acho graça Só não quero que me falte A danada da cachaça |
AURORA Mário Lago-Roberto Roberti, 1940 Se você fosse sincera Ô ô ô ô Aurora Veja só que bom que era Ô ô ô ô Aurora Um lindo apartamento Com porteiro e elevador E ar refrigerado Para os dias de calor Madame antes do nome Você teria agora Ô ô ô ô Aurora |
CABELEIRA DO ZEZÉ João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963 Olha a cabeleira do zezé Será que ele é Será que ele é Será que ele é bossa nova Será que ele é maomé Parece que é transviado Mas isso eu não sei se ele é Corta o cabelo dele! Corta o cabelo dele!
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ABRE ALAS Chiquinha Gonzaga, 1899 Ó abre alas que eu quero passar Ó abre alas que eu quero passar Eu sou da lira não posso negar Eu sou da lira não posso negar Ó abre alas que eu quero passar Ó abre alas que eu quero passar Rosa de ouro é que vai ganhar Rosa de ouro é que vai ganhar |
A JARDINEIRA Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938 Ó jardineira porque estás tão triste Mas o que foi que te aconteceu Foi a camélia que caiu do galho Deu dois suspiros e depois morreu Vem jardineira vem meu amor Não fiques triste que este mundo é todo seu Tu és muito mais bonita Que a camélia que morreu |
Ô BALANCÊ Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936 Ô balancê balancê Quero dançar com você Entra na roda morena pra ver Ô balancê balancê Quando por mim você passa Fingindo que não me vê Meu coração quase se despedaça No balancê balancê Você foi minha cartilha Você foi meu ABC E por isso eu sou a maior maravilha No balancê balancê Eu levo a vida pensando Pensando só em você E o tempo passa e eu vou me acabando No balancê balancê
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LINDA MORENA Lamartine Babo, 1932 Linda morena, morena Morena que me faz penar A lua cheia que tanto brilha Não brilha tanto quanto o teu olhar Tu és morena uma ótima pequena Não há branco que não perca até o juízo Onde tu passas Sai às vezes bofetão Toda gente faz questão Do teu sorriso Teu coração é uma espécie de pensão De pensão familiar à beira-mar Oh! Moreninha, não alugues tudo não Deixe ao menos o porão pra eu morar Por tua causa já se faz revolução Vai haver transformação na cor da lua Antigamente a mulata era a rainha Desta vez, ó moreninha, a taça é tua |
MAMÃE EU QUERO Jararaca-Vicente Paiva, 1936 Mamãe eu quero, mamãe eu quero Mamãe eu quero mamar Dá a chupeta, dá a chupeta Dá a chupeta pro bebe não chorar Dorme filhinho do meu coração Pega a mamadeira e vem entrá pro meu cordão Eu tenho uma irmã que se chama Ana De piscar o olho já ficou sem a pestana Olho as pequenas mas daquele jeito Tenho muita pena não ser criança de peito Eu tenho uma irmã que é fenomenal Ela é da bossa e o marido é um boçal
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O TEU CABELO NÃO NEGA Lamartine Babo-Irmãos Valença, 1931 O teu cabelo não nega mulata Porque és mulata na cor Mas como a cor não pega mulata Mulata eu quero o teu amor Tens um sabor bem do Brasil Tens a alma cor de anil Mulata mulatinha meu amor Fui nomeado teu tenente interventor Quem te inventou meu pancadão Teve uma consagração A lua te invejando faz careta Porque mulata tu não és deste planeta Quando meu bem vieste à terra Portugal declarou guerra A concorrência então foi colossal Vasco da gama contra o batalhão naval |
ME DÁ UM DINHEIRO AÍ Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959 Ei, você aí! Me dá um dinheiro aí! Me dá um dinheiro aí! Não vai dar? Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão Que eu vou fazer bebendo até cair Me dá me dá me dá, ô! Me dá um dinheiro aí! |
SACA-ROLHA Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953) As águas vão rolar Garrafa cheia eu não quero ver sobrar Eu passo mão na saca saca saca rolha E bebo até me afogar Deixa as águas rolar Se a polícia por isso me prender Mas na última hora me soltar Eu pego o saca saca saca rolha Ninguém me agarra ninguém me agarra |
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Você Sabia?

Por que o Carnaval tem datas diferentes todo ano? O primeiro domingo após o 14º dia de lua nova é o domingo de Páscoa. Ou, o primeiro domingo após a lua cheia, posterior ao equinócio da primavera, é o domingo de Páscoa. Se o 14º dia da lua nova ou da lua cheia posterior ao equinócio da primavera cair no dia 21 de março e for sábado, o domingo de Páscoa será no dia 22 de março. Entretanto, se a primeira lua cheia (isto é, o 14º dia após o equinócio da primavera) for 29 dias depois do 21 de março, o domingo de Páscoa só poderá ser 25 de abril, isto é, o mais tarde possível. Como o primeiro dia da lua nova, antes de 21 de março, situa-se, necessariamente, entre 08 de março e 05 de abril, a Páscoa só pode cair entre 22 de março e 25 de abril. O domingo de carnaval cairá sempre no 7º domingo que antecede ao domingo de Páscoa.
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O que é
O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.
História do Carnaval
O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.
No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.
No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.
A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.
Bonecos gigantes em Recife
O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu.
Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações desta cidade durante o carnaval.
Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.
Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais no Rio de Janeiro :
1998 - Mangueira e Beija-Flor
1999 - Imperatriz Leopoldinese
2000 - Imperatriz Leopoldinese
2001 - Imperatriz Leopoldinese
2002 - Mangueira
2003 - Beija-Flor
2004 - Beija Flor
2005 - Beija-Flor
2006 - Unidos de Vila Isabel
2007 - Beija-Flor
2008 - Beija-Flor
2009 - Acadêmicos do Salgueiro
2010 - Unidos da Tijuca
Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais em São Paulo:
1998 - Vai-Vai
1999 - Vai-Vai, Gaviões da Fiel
2000 - Vai-Vai, X-9 Paulistana
2001 - Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde
2002 - Gaviões da Fiel
2003 - Gaviões da Fiel
2004 - Mocidade Alegre
2005 - Império de Casa Verde
2006 - Império de Casa Verde
2007 - Mocidade Alegre
2008 - Vai-Vai
2009 - Mocidade Alegre
2010 - Rosas de Ouro