Carnaval

 

14/02/2007 - 07h24

Marchinhas de carnaval

Músicas que marcaram as décadas de 20 a 60

Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação/Rádio USP

Lamartine Babo, no traço de Nássara, caricaturista e também compositor de marchinhas

A pedido dos foliões carnavalescos do cordão Rosa de Ouro, em 1899, a já célebre compositora Chiquinha Gonzaga compôs a marchinha "Ó abre alas", a primeira música especialmente feita para animar o carnaval.

Descendente das marchas militares e das marchas populares portuguesas, as marchas-ranchos - como passaram a ser chamadas por animarem os blocos ou ranchos de foliões - acabaram se consagrando como gênero carnavalesco por excelência, prevalecendo até sobre o samba, entre as décadas de 1920 e 1960, quando entraram em relativo declínio. Porém, nunca chegaram a desaparecer, e até hoje animam festas de carnaval em todo o país.

Letra e música

Não é difícil explicar a atração que as marchinhas de carnaval exercem sobre o grande público: compasso binário, andamento acelerado e melodias simples cativam rapidamente o ouvinte, ao mesmo tempo que as letras - debochadas, irônicas, ambíguas ou sensuais - são fáceis de entender e memorizar.

De fato, as marchinhas eram crônicas urbanas de um Rio de Janeiro, que era então a capital federal e o verdadeiro coração cultural do país. Era lá que se encontravam as principais emissoras de rádio, gravadoras de discos e os estúdios cinematográficos da Atlântida, que potencializaram a divulgação do gênero por todo o Brasil e permitiram que elas fossem registradas para a posteridade em suas versões originais (algumas das quais você pode ouvir nos links deste artigo).

Verdadeiras crônicas

O jornalista Sérgio Cabral, um dos autores do roteiro de "Sassaricando" - um musical feito de marchinhas encenado em 2007 no Rio de Janeiro - escreve:

"Estamos convictos de que poucas manifestações refletem com tanta exatidão a criatividade do compositor do Rio e o espírito carioca. Verdadeiras crônicas, elas contam a história da cidade, as qualidades e os defeitos do seu povo, quase sempre sem abrir mão do deboche e da malícia. Vão do lirismo ao esculacho, mas são permanentemente carioquissímas. São músicas que, ao mesmo tempo em que nos remetem a carnavais inesquecíveis, conservam a juventude que encanta as crianças de todas as idades. Em outras palavras, são eternas."

Dando-se algum desconto à exaltada paixão pelo Rio de Janeiro que Cabral manifesta (pois as marchinhas são, na verdade, um patrimônio nacional brasileiro), não se pode negar que ele tem toda razão. De amores e dores de cotovelo à sátira política e ao futebol, não havia tema do cotidiano que as marchas carnavalescas não abordassem.

É melhor ouvir do que falar

Mas falar de marchinhas em abstrato não faz sentido. Para se compreender o espírito do gênero é preciso citar pelo menos algumas das marchas, dos compositores e cantores que marcaram os velhos carnavais. Os carnavais de salão, com confete e serpentina, e personagens simbólicos, de um triângulo amoroso farsesco: Colombina, Pierrô e Arlequim.

Trata-se de uma seleção dificílima, principalmente quando ela deve ser breve, mas talvez se deva começar por aquela que mais permaneceu na memória dos brasileiros e que se tornou um verdadeiro sinônimo de carnaval: Mamãe, eu quero mamar de 1937, composição do alagoano Jararaca (José Luís Rodrigues Calazans, 1896-1977) e do paulistano Vicente Paiva (1908-1964).

Em segundo lugar, a clássica Chiquita Bacana , de 1949, dos cariocas Braguinha (1907-2006) e Alberto Ribeiro (1902-1971), que se tornou um símbolo de brasilidade, retormado pelo Tropicalismo: Caetano Veloso escreveu A filha da Chiquita Bacana . Além disso, "Chiquita" faz um carnaval filosófico, com uma célebre alusão ao existencialismo. A gravação que você pode ouvir traz a voz de Emilinha Borba (1923-2005), cantora que gozou de extrema popularidade nessa época.

A Pequena Notável

Pode-se seguir, fugindo à ordem cronológica, ao maior sucesso do carnaval de 1930, que estourou na voz da legendária luso-brasileira Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha, 1909-1955): Para Você Gostar de Mim , também conhecida como "Taí", composta pelo mineiro Joubert de Carvalho (1900-1977).

Mas não se pode falar em marchinhas e carnaval sem mencionar o célebre carioca Lamartine Babo (1904-1963). Cantor e compositor de tantas obras excepcionais, só arbitrariamente, se pode escolher uma única composição para representá-lo. Por exemplo, sua homenagem às morenas brasileiras: Linda Morena , de 1932.

Convém lembrar que Babo gostava das sátiras políticas e suas composições sofreram com a censura do Estado Novo (1937) de Getúlio Vargas.

Paradoxalmente, o ditador e depois presidente Vargas era, por assim dizer, um grande admirador do carnaval e especialmente da vedete carioca Virgínia Lane (nascida em 1920) que chegou ao estrelato com justamente com a música Sassaricando , de 1951, composta pelos também cariocas Oldemar Magalhães (1912-1990), Luís Antônio (Antônio de Pádua Vieira da Costa, 1921-1996) e pelo paraense Zé Mário (Joaquim Antônio Candeias Jr., nasc. 1923).

Para não ficar só nessas cinco músicas, vale terminar com duas seleções de velhos carnavais nas vozes de intérpretes contemporâneos: Beth Carvalho e Martinho da Vila .

 

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Marchinhas de Carnaval

 

 
A marcha de carnaval, também conhecida como "marchinha", é um gênero de música popular que esteve no carnaval dos brasileiros dos anos 20 aos anos 60 do século XX, altura em que começou a ser substituída pelo samba enredo.

Na origem foi, no entanto, um estilo musical importado para o Brasil. Descende directamente das marchas populares portuguesas, partilhando com elas o compasso binário das marchas militares, embora mais acelerado, melodias simples e vivas, e letras picantes cheias de duplos sentidos. Marchas portuguesas faziam grande sucesso no Brasil até 1920, destacando-se Vassourinha, em 1912, e A Baratinha, em 1917.

A verdadeira marchinha de carnaval brasileira começou a surgir no Rio de Janeiro com as composições de Eduardo Souto, Freire Júnior e Sinhô, e atingiu o apogeu com intérpretes como Carmen Miranda, Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Silvio Caldas, Jorge Veiga e Black-Out, que interpretavam, ao longo dos meados do século XX, as composições de João de Barro, o Braguinha e Alberto Ribeiro, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo. O último grande compositor de marchinha foi João Roberto Kelly.


As marchinhas animam o carnaval e fazem parte da tradição carnavalesca no Brasil. Conheça as principais letras

marchinhas de carnaval

 

 

LLAH-LÁ-Ô
Haroldo Lobo-Nássara, 1940

Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô

Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara

Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! allah! allah, meu bom allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! meu bom allah
CACHAÇA
Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953

Você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique 
E água vem do ribeirão

Pode me faltar tudo na vida
Arroz feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz falta não
Pode me faltar o amor 
Há, há, há, há!
Isto até acho graça
Só não quero que me falte
A danada da cachaça
AURORA
Mário Lago-Roberto Roberti, 1940

Se você fosse sincera 
Ô ô ô ô Aurora
Veja só que bom que era 
Ô ô ô ô Aurora

Um lindo apartamento
Com porteiro e elevador
E ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Ô ô ô ô Aurora
CABELEIRA DO ZEZÉ
João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963

Olha a cabeleira do zezé
Será que ele é
Será que ele é

Será que ele é bossa nova
Será que ele é maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é

Corta o cabelo dele!
Corta o cabelo dele!

 

ABRE ALAS
Chiquinha Gonzaga, 1899

Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar

Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Rosa de ouro é que vai ganhar
Rosa de ouro é que vai ganhar
A JARDINEIRA
Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938

Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu

Vem jardineira vem meu amor
Não fiques triste que este mundo é todo seu
Tu és muito mais bonita 
Que a camélia que morreu
Ô BALANCÊ 
Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936

Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê

Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê

Você foi minha cartilha
Você foi meu ABC
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê balancê

Eu levo a vida pensando
Pensando só em você
E o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê balancê

 

LINDA MORENA
Lamartine Babo, 1932

Linda morena, morena
Morena que me faz penar
A lua cheia que tanto brilha
Não brilha tanto quanto o teu olhar

Tu és morena uma ótima pequena
Não há branco que não perca até o juízo
Onde tu passas
Sai às vezes bofetão 
Toda gente faz questão
Do teu sorriso

Teu coração é uma espécie de pensão
De pensão familiar à beira-mar
Oh! Moreninha, não alugues tudo não
Deixe ao menos o porão pra eu morar

Por tua causa já se faz revolução
Vai haver transformação na cor da lua
Antigamente a mulata era a rainha
Desta vez, ó moreninha, a taça é tua
MAMÃE EU QUERO
Jararaca-Vicente Paiva, 1936

Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebe não chorar

Dorme filhinho do meu coração
Pega a mamadeira e vem entrá pro meu cordão
Eu tenho uma irmã que se chama Ana
De piscar o olho já ficou sem a pestana

Olho as pequenas mas daquele jeito
Tenho muita pena não ser criança de peito
Eu tenho uma irmã que é fenomenal
Ela é da bossa e o marido é um boçal

 

 

O TEU CABELO NÃO NEGA
Lamartine Babo-Irmãos Valença, 1931

O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor

Tens um sabor bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata mulatinha meu amor
Fui nomeado teu tenente interventor

Quem te inventou meu pancadão
Teve uma consagração
A lua te invejando faz careta
Porque mulata tu não és deste planeta

Quando meu bem vieste à terra
Portugal declarou guerra
A concorrência então foi colossal
Vasco da gama contra o batalhão naval
ME DÁ UM DINHEIRO AÍ
Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959

Ei, você aí! 
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!

Não vai dar? 
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!
SACA-ROLHA
Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953)

As águas vão rolar 
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo mão na saca saca saca rolha
E bebo até me afogar 
Deixa as águas rolar

Se a polícia por isso me prender
Mas na última hora me soltar 
Eu pego o saca saca saca rolha
Ninguém me agarra ninguém me agarra

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Você Sabia?

Curiosidade A marchinha é produto da mistura dos ritmos da polca ao one-step e ao rag-time norte-americanos e apareceu no carnaval carioca, em 1920.
Contribuição de PALMEIRAS

Curiosidade Por que o Carnaval tem datas diferentes todo ano? O primeiro domingo após o 14º dia de lua nova é o domingo de Páscoa. Ou, o primeiro domingo após a lua cheia, posterior ao equinócio da primavera, é o domingo de Páscoa. Se o 14º dia da lua nova ou da lua cheia posterior ao equinócio da primavera cair no dia 21 de março e for sábado, o domingo de Páscoa será no dia 22 de março. Entretanto, se a primeira lua cheia (isto é, o 14º dia após o equinócio da primavera) for 29 dias depois do 21 de março, o domingo de Páscoa só poderá ser 25 de abril, isto é, o mais tarde possível. Como o primeiro dia da lua nova, antes de 21 de março, situa-se, necessariamente, entre 08 de março e 05 de abril, a Páscoa só pode cair entre 22 de março e 25 de abril. O domingo de carnaval cairá sempre no 7º domingo que antecede ao domingo de Páscoa.

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O que é 

O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.


História do Carnaval 

O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.

No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.

No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o carnaval cada vez mais animado.

A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

Carnaval de Recife - Bonecos Gigantes Bonecos gigantes em Recife

O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatu. 

Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações desta cidade durante o carnaval.

Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais no Rio de Janeiro :
1998 - Mangueira e Beija-Flor
1999 - Imperatriz Leopoldinese
2000 - Imperatriz Leopoldinese
2001 - Imperatriz Leopoldinese
2002 - Mangueira
2003 - Beija-Flor
2004 - Beija Flor
2005 - Beija-Flor
2006 - Unidos de Vila Isabel
2007 - Beija-Flor
2008 - Beija-Flor
2009 - Acadêmicos do Salgueiro
2010 - Unidos da Tijuca

Escolas de Samba Vencedoras nos Últimos Carnavais em São Paulo:
1998 - Vai-Vai 
1999 - Vai-Vai, Gaviões da Fiel 
2000 - Vai-Vai, X-9 Paulistana 
2001 - Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde 
2002 - Gaviões da Fiel 
2003 - Gaviões da Fiel 
2004 - Mocidade Alegre 
2005 - Império de Casa Verde 
2006 - Império de Casa Verde 
2007 - Mocidade Alegre
2008 - Vai-Vai
2009 - Mocidade Alegre
2010 - Rosas de Ouro

 

 


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